1959 | Morre Heitor Villa-Lobos


Filho de um funcionário da Biblioteca Nacional e violoncelista amador, Heitor Villa-Lobos aprendeu cedo os primeiros acordes. Aos seis anos ouvia a tia Zizinha tocar o Cravo Bem Temperado, enquanto nas ruas do Rio de Janeiro, grupos de músicos amadores tocavam nas noites de festa. A vida musical na infância oscilava, assim, entre Bach e as serenatas dos chorões. Quando perdeu o pai, aos 12 anos, decidiu aprender por conta própria violão e cavaquinho.

Aos 18, contrariando a vontade da mãe de fazer dele um médico, juntou-se aos chorões. Como músico ambulante viajou ao Espírito Santo, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio, inscreveu-se no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, mas sentia “mais prazer em absorver o folclore que passava sob as suas janelas do que ouvir o arrazoar dos explicadores”.

Museu Villa Lobos
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) aprendeu a tocar sozinho quando criança e se tornou um gênio da música AmpliarDepois de uma nova viagem, ao norte e ao nordeste, onde recolheu mais de mil temas que utilizaria na sua obra, completou a sua formação autodidata dedicando-se ao estudo dos grandes mestres e dos tratados de harmonia e orquestração. Casou-se com a pianista Lucília Guimarães, tocou violoncelo nas orquestras dos teatros e dos cinemas cariocas e compôs suítes sobre temas infantis brasileiros.

O ano de 1915 marcou o início da apresentação oficial no Rio de Janeiro, de Villa-Lobos como compositor. Sua música provocou ira nas forças passadistas. Em 1922, enfrentou com suas Danças Africanas a indignada platéia da Semana de Arte Moderna e compôs duas sinfonias encomendadas pelo Governo. No ano seguinte, Villa-Lobos embarcou para a França, não para estudar ou se aperfeiçoar, mas para conquistar, levando na bagagem a imensa obra já composta.

Cinco anos depois, voltou à Europa com a batuta na mão, para reger as principais orquestras do continente e apresentar ao mundo os Choros, as Serestas, a Missa de São Sebastião. Villa-Lobos preocupava-se com o descaso com que a música era tratada nas escolas brasileiras e acabou por apresentar o revolucionário Plano de Educação Musical ao Governo de São Paulo.

Após dois anos de trabalho, o compositor das Bachianas Brasileiras, foi convidado por Anísio Teixeira a organizar e dirigir a Superintendência de Educação Musical e Artística, que introduzia o ensino da Música e o Canto Coral nas escolas.

Com o apoio do então presidente Getúlio Vargas, organizou concentrações orfeônicas grandiosas que chegaram a reunir, sob sua regência, até 40 mil escolares. Apresentou-se pela primeira vez nos Estados Unidos em 1944. Nos anos seguintes, já casado com D. Mindinha, realizou inúmeras turnês, onde regeu e gravou suas obras, recebeu homenagens e encomendas de novas partituras, além de ter travado contato com grandes nomes da música americana, fechando, assim, o ciclo de sua consagração internacional.

Viaja novamente para a Europa em 1927, financiado pelo milionário carioca Arnaldo Guinle. Desta segunda viagem retorna em 1930, quando realiza turnê por sessenta e seis cidades. Realiza também nesse ano a " Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro. Seu casamento com Lucília termina na década de 1930. Depois de operar-se de câncer em 1948, casa-se com Arminda Neves d'Almeida a Mindinha, uma ex-aluna,8] que depois de sua morte se encarrega da divulgação de uma obra monumental. O impacto internacional dessa obra fez-se sentir especialmente na França e EUA, como se verifica pelo editorial que o The New York Times dedicou-lhe no dia seguinte a sua morte. Villa-Lobos nunca teve filhos
Em 1960, o governo do Brasil criou o Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário