17/11/1989 - Início da Revolução de Veludo, que levou à queda do comunismo na Tchecoslováquia


A criação da Tchecoslováquia foi o resultado de uma longa luta dos tchecos contra o governo austríaco. A união dos territórios tchecos e eslavos foi oficialmente proclamada em Praga, no dia 14 de novembro de 1918. O Tratado de Saint German reorganizou a nove república. A Tchecoslováquia herdou grande parte das indústrias da monarquia austro-húngara, por isso era economicamente mais favorecida.

Beneficiada por uma constituição liberal e democrática e estadistas capacitados, a nova república parecia ter um futuro brilhante. A redistribuição de alguns bens da antiga nobreza e da igreja melhorou as condições de vida da classe agrária. Na política externa, a Tchecoslováquia contava com a ajuda da França e uma pequena aliança com a Iugoslávia e a Romênia.

Porém, a união estável dos estados ainda estava longe. Elementos antagônicos e nacionalismo étnico refletiam a fraqueza do Império de Hapsburg. Os tchecos e eslavos tinham histórias separadas e grandes diferenças religiosa, cultural e de tradição social. A constituição de 1920, que montou um estado unitário altamente centralizado, falhou ao não levar em conta o problema das minorias nacionais. Os alemães e húngaros da Tchecoslováquia se rebelaram contra os acordos territoriais. O Partido Eslavo acusou o governo tcheco de negar a autonomia prometida à Eslováquia.

A subida de Hitler na Alemanha, a anexação da Áustria pelos alemães, a agitação pela autonomia da Eslováquia e a política de apaziguamento dos poderes ocidentais deixaram a Tchecoslováquia sem aliados, exposta à hostilidade alemã. O problema nacionalista levou à crise européia quando a minoria nacionalista alemã, comandada por Konrad Henlein, apoiado por Hitler, exigiu a união dos distritos predominantemente alemães com Alemanha. Em novembro de 1938, a Tchecoslováquia foi reconstituída em três unidades autônomas: Bohemia e Moravia, Eslováquia e Rutênia.

Em abril de 1944, forças soviéticas, acompanhadas pelo governo de coalizão tcheco, liderado por Edvard Benes, e as tropas americanas entraram na Tchecoslováquia. A queda de Praga, em 12 de maio de 1945, marcou o fim das operações militares na Europa. As tropas soviéticas e americanas se retiraram no ano seguinte. Na Conferência de Potsdam de 1945, foi aprovada a expulsão de aproximadamente 3 milhões de alemães da Tchecoslováquia. O território da nação foi restaurado, com exceção da Rutênia, que foi cedida à URSS.

Nas eleições de 1946, o partido comunista obteve um terço dos votos e tornou-se dominante na coalizão liderada por Klement Gottwald. Benes foi eleito presidente. A pressão soviética não permitiu que a Tchecoslováquia aceitasse a ajuda do Plano Marshall. Durante o verão de 1947, os comunistas começaram uma campanha de agitação política e intrigas, que deram a eles o completo controle do governo, em fevereiro de 1948. Em março, Jan Masaryk, um ministro estrangeiro não-comunista, morreu em circunstâncias misteriosas. Após a adoção de uma nova constituição, a nova legislatura foi eleita e foi decretado um programa de nacionalização da economia.

A Tchecoslováquia tornou-se um Estado ao estilo soviético. As liberdades política e cultural foram abolidas. Em 1953, várias revoltas refletiram o descontentamento com a economia. Uma modesta liberalização da economia foi iniciada, mas foi paralisada em novembro de 1957, quando Antonin Novotný tornou-se presidente.

Em 1960, uma nova constituição foi promulgada. Outro movimento cauteloso em direção a liberalização foi iniciado em 1963. As repressões à imprensa, à educação e às atividades culturais diminuíram e as autoridades aumentaram sua autonomia econômica. A lentidão da economia e o ressentimento eslavo sobre administração Antonin Novotný tiveram um desenvolvimento surpreendente em 1968. O eslavo Alexander Dubcek substituiu Novotný na liderança do partido em janeiro.

Ludvik Svoboda tornou-se presidente em março. Com Dubcek, no que ficou conhecido como Primavera de Praga, a democratização foi mais intensa do que em outros países. A censura à imprensa foi reduzida e a restauração da democracia política parecia possível. A Eslováquia conseguiu sua autonomia. Seriamente alarmada, com o que interpretou como uma grave ameaça à segurança e à supremacia soviética, a URSS e alguns de seus aliados do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia em agosto de 1968. Dubcek e outros líderes foram presos em Moscou. Uma constituição revisada foi promulgada. Em abril de 1969, Dubcek deixou a liderança do partido e, em junho de 1970, foi expulso.

No final de 1989, massivas demonstrações contra o governo em Praga foram inicialmente reprimidas pela polícia, mas uma onda de democratização avançava pelo Leste da Europa e a liderança do Partido Comunista renunciou, em novembro. Em dezembro, um novo gabinete, não-comunista, assumiu o governo e o dramaturgo Václav Havel foi eleito presidente. Em 1990, a nação começou a transição para uma economia de mercado, com um programa amplo, projetado para encorajar a iniciativa privada.

A "Revolução de Veludo" foi completada com êxito após a partida das últimas tropas soviéticas, em maio de 1991, e a eleição parlamentar, em junho de 1992. Um movimento forte de secessão na Eslováquia levou à declaração formal, em 26 de agosto de 1992, da separação entre a República Tcheca e a Eslováquia, que foi oficializada em 1 de janeiro de 1993.

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